Sexta-feira, 31 de julho: pela primeira vez em quase cinco meses entrei em um supermercado dessas grandes redes de Blumenau. Desde que o famigerado novo coronavírus se tornou um convidado indesejado da nossa rotina, faço compras on-line para evitar ao máximo um possível contato com o maldito – um privilégio que, reconheço, nem todos têm. Nesse meio tempo, sempre que precisei de algo trivial recorri a pequenos mercadinhos de bairro. Neles não esbarrei em filas e aglomerações.
Quebrei essa regra pessoal na última semana por total descuido com o planejamento doméstico. Sem me dar conta, geladeira e despensa da casa ficaram vazias. E o comércio eletrônico, fiel escudeiro nesses tempos de pandemia, indicava disponibilidade para entrega só em três dias. Triste constatação: quem mora sozinho não tem alguém para alertar que o leite ou a carne acabaram.
Tentando prever menos movimento de carrinhos pelos corredores, fiz uso de outro privilégio: escolhi um horário alternativo para ir às compras. Imaginei que às duas horas da tarde, justo no meio do expediente “normal”, encontraria menos concorrência entre as prateleiras. Infelizmente adivinhação não é um dos meus pontos fortes.
O que vi dentro do supermercado não é novidade diante dos relatos que leio e escuto praticamente todos os dias, mas tudo se torna mais impressionante quando se constata o desleixo alheio ao vivo e a cores. Pais com filhos e casais – até mesmo de idosos! – circulavam entre as gôndolas ignorando uma das regras mais básicas nesses tempos de distanciamento social, inclusive estabelecida em decreto municipal: apenas uma pessoa por família pode entrar nos estabelecimentos para fazer as compras.
A fiscalização, quando existe, não pede certidão de casamento ou nascimento para quem frequenta as lojas. Quem a dribla, combinando de se encontrar com quem quer que seja na fila do açougue ou na seção de hortifrúti, pode se achar esperto, mas joga contra. A malandragem é estúpida porque provoca efeito contrário que penaliza a todos. Por causa desses excessos, o prefeito Mario Hildebrandt revelou nesta segunda-feira (3) que avalia reduzir ainda mais o atendimento ao público dos supermercados, hoje limitado a 40% da capacidade.
Com generosa dose de boa vontade, dá para imaginar que exista alguma razão plausível para esse comportamento de parte das pessoas – com quem deixar as crianças, por exemplo? Elas parecem fazer pouco sentido, porém, ao se observar que serviço essencial como supermercado virou justificativa infundada para passeio em família ou encontro de amigos. Às vezes nem mesmo dezenas de regras e fiscais podem ser capazes de conter a ignorância. Por segurança, não posso mais esquecer de planejar minhas compras com antecedência pela internet.
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